
Na sessão tumultuada realizada nesta terça-feira (29/4) na Câmara Municipal de São Paulo, a vereadora Cris Monteiro (NOVO) protagonizou uma fala que gerou grande repercussão e crítica. Durante a votação do reajuste salarial dos servidores municipais, a parlamentar declarou na tribuna que “uma mulher branca, bonita e rica incomoda”, direcionando suas palavras a sindicalistas presentes no plenário e gerando confronto com vereadores da oposição.
Vereadora Cris Monteiro gera polêmica ao defender reajuste da Prefeitura de São Paulo abaixo da inflação:
Cris Monteiro defendia o projeto de reajuste proposto pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que prevê reajustes de 2,6% em maio de 2025 e 2,55% em maio de 2026 para servidores municipais. A proposta, rejeitada por sindicatos e oposição, gerou intensos debates e bate-bocas no plenário.
Durante a discussão, a vereadora acusou os sindicalistas e opositores de se incomodarem porque ela representa “uma parte importante da população” que a elegeu e sustenta que fez o “certo”. Ela criticou greves promovidas por servidores, classificando-as como prejudiciais e irresponsáveis, especialmente por impactarem crianças nas salas de aula.
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Reação e repercussão
A fala considerada por muitos como racista provocou gritos de “racista” por parte dos manifestantes que acompanhavam a sessão, além da suspensão temporária dos trabalhos a pedido da oposição. Após a retomada, Cris Monteiro pediu desculpas formalmente, alegando que não teve intenção de ofender ninguém.
A polêmica do reajuste salarial para servidores municipais: A guerra de narrativas:
O projeto do prefeito Ricardo Nunes não agrada grande parte dos servidores municipais, que se reúnem em protestos e alertam que o reajuste anunciado está longe do ideal. Embora governistas argumentem que os professores receberam um aumento acumulado de 45% nos últimos anos, esta informação é contestada. Especialistas e representantes sindicais explicam que parte desse “reajuste” corresponde a abonos não incorporados na remuneração base — ou seja, que não conferem benefícios reais para todos os servidores, especialmente para aqueles que recebem acima do piso salarial considerado.
O episódio expõe duas questões graves: a persistência de discursos que podem optar pela diferenciação racial e social para fragilizar o debate público, e a insatisfação legítima de servidores municipais diante de reajustes que não acompanham a inflação real e o custo de vida. Em tempos de grande desigualdade, a Câmara Municipal deveria promover o diálogo respeitoso e pautado em fatos, ao invés de declarações que tensionam ainda mais a convivência democrática.
A crise revela também a necessidade de maior transparência e empatia por parte dos governantes e representantes eleitos, que devem priorizar o interesse público e a valorização dos profissionais que constroem os serviços essenciais da cidade. O reajuste pleiteado não pode ser mais um motivo de discórdia, mas sim uma oportunidade para debates justos, inclusivos e construtivos.
Será que ela não tem espelho em casa.