O Ministério da Educação (MEC) confirmou uma crise orçamentária que resultará em um corte drástico na compra de livros didáticos para 2026. Em uma medida que especialistas chamam de “retrocesso inaceitável”, apenas materiais de Português e Matemática serão adquiridos inicialmente para o ensino fundamental, deixando disciplinas como História, Geografia e Ciências de fora. A decisão cria um cenário de incerteza e ameaça o planejamento pedagógico de toda a rede pública, com atrasos que se estendem até o ensino médio.
Falta de Orçamento: MEC Prioriza Português e Matemática e Deixa História, Geografia e Ciências de Fora do PNLD 2026
A decisão foi comunicada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC responsável pela logística do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). A justificativa oficial é um “cenário orçamentário desafiador”.
Segundo a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), o problema é numérico:
- Orçamento Disponível: Cerca de R$ 2 bilhões.
- Orçamento Necessário: Pelo menos R$ 3 bilhões para atender toda a demanda da educação básica (ensinos fundamental e médio, EJA e programas literários).
- Déficit: Falta de, no mínimo, R$ 1 bilhão.
Impacto Direto na Sala de Aula: Como Cada Aluno Será Afetado?
Confira os impactos na Educação Básica:
Anos Iniciais (1º ao 3º ano): O Problema dos Livros Consumíveis
Para os alunos mais novos, a situação é crítica. Eles receberão apenas os livros novos de Português e Matemática. Os materiais de outras áreas simplesmente não serão comprados nesta primeira fase. Como seus livros são consumíveis — feitos para que a criança escreva e realize atividades diretamente nas páginas —, eles não podem ser reutilizados de anos anteriores. Na prática, isso pode significar que os professores não terão o material básico para lecionar diversas disciplinas.
Anos Intermediários e Finais (4º ao 9º ano): Reutilização e Falta de Reposição
Estudantes do 4º e 5º ano receberão livros novos de Português e Matemática, mas dependerão de materiais reutilizados para as demais disciplinas. Já do 6º ao 9º ano, a situação piora: a reposição será escassa até mesmo para as matérias priorizadas, e não haverá reposição para as outras áreas do conhecimento.
Ensino Médio: Atraso na Implementação do Novo Currículo
O ensino médio enfrenta um desafio duplo. Além do orçamento curto, os livros precisam ser reformulados para se adequar às diretrizes do Novo Ensino Médio. A solução do MEC foi dividir a compra em duas fases:
- 60% dos livros serão entregues no início do ano letivo de 2026.
- Os 40% restantes só devem chegar às escolas em maio ou junho, mais de três meses após o início das aulas.
Isso significa que quase metade dos alunos do ensino médio pode começar o ano letivo sem os livros didáticos atualizados, comprometendo diretamente a implementação do novo currículo.
A falta de livros de História, Geografia e Ciências nos anos iniciais é vista como particularmente prejudicial, pois limita a formação integral dos alunos desde a base.
